Passados bons 36 minutos de trama (!), descobrimos que as cenas da infância eram apenas a introdução de Corpos Celestes. Entram então - enfim - os letreiros e créditos iniciais. Uma ruptura na estrutura não seria problema, caso este alongamento na introdução tivesse uma função narrativa. Ao invés disso, esticar-se por tanto tempo na infância de Chiquinho, que ainda retorna em vários flashbacks, parece mais uma dificuldade de desapegar-se daquelas cenas na sala de edição, do que escolha consciente. Ao menos salva-se a atuação do garoto, vivido por Rodrigo Cornelsen, que é o destaque de todo o segmento.
Em seguida, somos apresentados a Francisco (Dalton Vigh) já adulto, professor de astronomia de uma universidade de Curitiba. E tome aulinha sobre planetas e constelações! O didatismo dos diálogos se estende por todo o longa. Neste segmento, no entanto, o ponto central é o complicado relacionamento de Francisco com Diana (Carolina Holanda).
Incomoda também a invasiva trilha sonora, com seus agudos e chorosos violinos, denunciando cada cena dramática. Seria tão melhor optar pelo silêncio, deixando que as emoções se desenvolvessem aos poucos nos personagens. Corpos Celestes busca sensibilidade em muitas cenas e enquadramentos, mas a sufoca com música alta quando está prestes a se manifestar genuinamente.
No entanto, entre problemas de roteiro e montagem, há cenas interessantes, que demonstram potencial. A fotografia, a direção de arte e os figurinos estão bem desenvolvidos, especialmente no segmento de época. Assim, depois de cinco anos de espera entre filmagens e lançamento, valeria gastar mais alguns meses na sala de edição para solucionar os (muitos) deslizes do filme.
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