Passe Livre (Hall Pass, 2011), mais recente trabalho dos irmãos cineastas, integra justamente esse grupo na cinematografia dos Farrelly, um que usa o absurdo, as escatologias e o sexo para fazer rir. O filme é muito mais próximo de Quem Vai Ficar com Mary, Debi & Lóide e Eu, Eu Mesmo e Irene do que as comédias mais recentes deles, como Antes Só do que Mal Casado e Amor em Jogo. Um benvindo retorno à boa forma dos Farrelly, portanto, motivado - na visão hollywoodiana, em que é necessário um sucesso de terceiros para devolver a mestres seu ofício - pelo retorno das comédias adultas de besteirol como Se Beber Não Case.
O elenco principal não compromete, faz seu trabalho sem surpresas (já faz tempo que Wilson atua burocraticamente), algo que o filme reserva aos personagens periféricos, brilhantemente selecionados. Stephen Merchant, cocriador do The Office original; J.B. Smoove, que despontou nas últimas temporadas de Segura a Onda; Larry Joe Campbell, o gorducho Andy de Acording to Jim; e o genial Richard Jenkins, parte já consagrada da instituição Farrelly de comédia, interpretam os melhores amigos da dupla - e sequestram cada cena em que aparecem com as melhores piadas do filme (a partida de golfe é antológica). Os Farrelly também sempre se superaram no olho para talentos.
Enquanto os detratores dos Farrelly têm sua impressão de infantilização comprovada por cenas assim, para quem aprecia esse tipo de humor, que remexe no conteúdo das entranhas, é extremamente satisfatório ver os diretores e roteiristas voltando a fazer filmes cômicos adultos (e surpreendentemente sensíveis ao final) que colocam os existencialismos em um distante terceiro plano. Entre a matéria fecal e as lágrimas de gargalhadas, os questionamentos sobre a vida, o amadurecimento e os relacionamentos, afinal, estão todos lá para quem quiser procurar.
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